Nossa História

BAIRRO DO QUILOMBO

Com altitude média de mais de mil e quinhentos metros, situada no cone leste paulista, nos contrafortes da Serra Mantiqueira, a Estância Climática de São Bento do Sapucaí tem aproximadamente 10.000 habitantes a 185 km da capital e abriga o Bairro do Quilombo.

Como o nome pressupõe, trata-se de uma comunidade quilombola. É uma das poucas remanescentes da região, que mantém as tradições originárias do tempo da escravidão graças a lideranças como da Dona Luzia, guardiã e mantenedora das tradições do Quilombo, que com sua simplicidade cativante conquistou o respeito e o envolvimento de todo o bairro. Ela organiza todo ano a Festa do Quilombo, também conhecida como Festa da Dona Luzia, que vai para a edição número cinqüenta – sempre na semana de 13 de maio em homenagem à abolição da escravatura. Dona Luzia mantém também a Congada de São Benedito.

Conta-se que os escravos refugiaram-se e instalaram-se nesta região há aproximadamente 200 anos atrás, mas ainda não existe registro formal comprovando esse fato. Os Quilombolas construíram uma igreja, como era de costume na época, e esse templo foi apropriado pela Igreja Católica que tomou posse de parte da região do entorno da igreja. Assim, os quilombolas tiveram que dividir as terras com a igreja e o fizeram pacificamente.

Atualmente a comunidade é miscigenada, mas as heranças da cultura permanecem e podem ser observadas no artesanato - que possui fortes referências históricas dessa época. Um exemplo disso é a palha da bananeira, comumente usada nos Quilombos.

O bairro é um reduto de artesãos, que encontraram na arte sua atividade principal e dependem do ofício para sobrevivência - assim como toda a cadeia extrativista proveniente das demandas do artesanato. Portanto, a comunidade e sua identidade étnica devem ser preservadas.

 
 
 
ARTE NO QUILOMBO
 
Fundada em 2004 e constituída juridicamente como associação em abril de 2009, a Associação dos Moradores e Artesãos do Bairro do Quilombo conta com a participação de 75 artesãos que estão envolvidos no processo de criação das peças há mais de 25 anos.

O grupo foi inicialmente formado por 10 artesãos, na sua maioria mulheres, que trabalhavam nas ruas e ao ar livre e, por falta de local adequado para produzir, se organizaram e conseguiram um definitivo e amplo espaço para desenvolver seu artesanato. Dessa forma, conquistaram a possibilidade de trabalhar com dignidade, gerar sua fonte de renda e perpetuar as raízes artísticas de origem negra.

Atualmente, a unidade produtiva “Arte no Quilombo” é um espaço para artesanato de raiz e de preservação da cultura quilombola remanescente. A partir de materiais encontrados na natureza - como palha da bananeira, palha do milho, madeira, argila e fibras – os artesãos desenvolvem um trabalho artístico rico e variado, que alimenta a convicção de que suas ações constituem um poderoso acervo para transformações sociais.

Dessa forma, o espaço “Arte no Quilombo” tem como proposta:

1 - Aplicar os conceitos de sustentabilidade e o manejo correto da matéria-prima, respeitando as técnicas de extração tradicional;

2 - Fomentar entre os moradores e artesãos o espírito de solidariedade;

3 - Oferecer aos artesãos a chance de serem os protagonistas de seu desenvolvimento artístico e econômico e, assim, promover sua efetiva geração de renda e autonomia;

4 – Preservar o patrimônio imaterial por meio de iniciativas que permitirão aos mestres do saber transmitir seus conhecimentos aos mais jovens;

5 – Difundir e promover o comércio justo e a economia solidária.